FESTA DE SÃO DIMAS




“SÃO DIMAS, O LADRÃO ARREPENDIDO”
MATERIAL DE APOIO DO CATEQUISTA
INTRODUÇÃO
São Dimas! Pelas chagas de Jesus Crucificado. Na vida e na morte seja eu justificado. Fala-nos o Evangelho de uma cena tocante no Calvário. Jesus, nosso Redentor, estava na cruz e ao seu lado estavam dois condenados ao mesmo suplício. Uma antiga tradição nos guardou os seus nomes: Gestas e Dimas. Vejamos o que diz o Evangelho (Lucas 23,39-43): “Um dos criminosos crucificados o insultava, dizendo: “Não és tu o Messias? Salva a ti mesmo e a nós também!” Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação? Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino”. Jesus respondeu: “EU LHE GARANTO: HOJE MESMO VOCÊ ESTARÁ COMIGO NO PARAÍSO”. Desde este momento o ladrão ficou justificado e canonizado pelo próprio Cristo no momento supremo da nossa Redenção. O Evangelho fala pouco do ladrão arrependido do Calvário, bem como de muitos outros personagens. Todavia, a Tradição nos guardou seu nome, e, embora os críticos o tenham posto em dúvida, a ponto da Sagrada Congregação dos Ritos, em 1724, ordenar que o Ofício e Missa do Grande Santo fossem sob o nome de “BOM LADRÃO” apenas, sem contestar contudo, o nome que a tradição plurisecular nos guardou de SÃO DIMAS. É uma sábia reserva da Igreja que não veio absolutamente prejudicar a tradição. Continuamos pois com os Santos Padres e as tradições que vêm do segundo século, a chamar ao Bom Ladrão de SÃO DIMAS. Quem era este privilegiado que mereceu a honra de ser canonizado pelo Próprio Divino Salvador na hora solene de nossa Redenção? Antes da cruz, Dimas foi um bandido perigoso da Palestina. Era de uma família de ladrões. Seu pai era chefe de bandidos – PRINCEPS LATRONUM. Diversos Santos Padres e Autores, afirmam ter sido Dimas um dos mais perigosos bandidos da Judéia. Pelo suplício da cruz que mereceu, bem se vê que grande criminoso deveria ter sido, porque este horrível suplício estava reservado somente aos grandes criminosos e aos escravos. Dimas, segundo muitos autores, não era judeu de nascimento. É opinião de Santo Agostinho e de São João Crisóstomo e de Euzébio. São João Damasceno afirma categoricamente que esse ladrão era egípcio de nascimento. Exercia seu banditismo nos desertos de passagem para o Egito e aí, segundo a tradição, conheceu a Sagrada Família, e deu abrigo ao Menino Jesus protegendo a Virgem Maria e seu esposo São José. Alguns Doutores e Santos Padres como São Cirilo de Jerusalém são de opinião que não se trata de uma lenda, mas de uma tradição venerável já do primeiro século. Dimas teria recebido em sua casa a Sagrada Família que fugia da perseguição do rei Herodes. Há muitas lendas e belas tradições dos Evangelhos apócrifos em torno da passagem da Família Sagrada pelo deserto. Todavia não podemos nos apegar senão às Tradições mais veneráveis e confirmadas por sérios autores. Três coisas parecem bem confirmadas: PRIMEIRA: Dimas foi célebre ladrão, perigoso bandido e um fratricida. Exerceu o banditismo na Judéia. SEGUNDA: Era de origem egípcia, pagão, e não judeu. Diz São João Crisóstomo: "sobre a cruz, dois ladrões, imagem dos judeus e dos gentios. O ladrão penitente, a imagem do paganismo, andando primeiramente no erro, e voltando para a verdade. O que permanece ladrão até a morte é a imagem dos judeus que até a hora da crucifixão andaram pelo caminho do crime. A cruz porém os separa". TERCEIRA: É certo que abrigou a Sagrada Família no deserto e a protegeu até a entrada no Egito. O nome DIMAS é conhecido desde o segundo século, e o grande teólogo Salmeron afirma que, segundo as tradições mais antigas por ele estudadas cuidadosamente, os nomes dos dois ladrões do Calvário eram Gestas e Dimas. O Martirológio Romano diz apenas no dia 25 de Março: "EM JERUSALÉM COMEMORAÇÃO DO BOM LADRÃO QUE NA CRUZ PROFESSOU A FÉ DE JESUS CRISTO E MERECEU OUVIR ESTAS PALAVRAS: HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAISO". O sábio Cardeal Baronio faz esta observação: "Quase todos o chamam Dimas". O nome foi tirado dos Evangelhos apócrifos, e por isto foi omitido no Martirológio, mas não obstante, existe um certo número de altares e Igrejas com o nome e invocação de SÃO DIMAS. Foi apenas para evitar os ataques dos hipercríticos que a Sagrada Congregação dos Ritos, em 1724, suprimiu o nome de Dimas, e diz simplesmente o BOM LADRÃO. Deu permissão para que fosse rezada a Missa e recitado o Ofício do Bom Ladrão à Ordem das Mercês, aos Teatinos, e a muitos Conventos e Dioceses. Segundo Mons. Gaume, a sábia reserva da Igreja em nada veio prejudicar a Tradição, e podemos e devemos invocar o “Bom Ladrão” com o nome de São Dimas. PRISÃO E FLAGELAÇÃO. Quando Dimas encontrou a Sagrada Família no deserto e a protegeu, deveria ter vinte e cinco para trinta anos. É opinião de vários autores que quando sofreu o suplício da cruz, deveria ter 55 a 60 anos, e teria passado no banditismo cerca de trinta a quarenta anos. Depois de perseguido pela Justiça Romana que procurava libertar a Judéia dos grandes bandidos que a infestavam, e sobretudo atacavam os Romanos e provocavam sedições. Dimas e Gestas teriam sido presos nos arredores de Jericó, e lá mesmo julgados. Pilatos teria dado a ordem que fossem levados a Jerusalém para lá serem flagelados e crucificados, a fim de que servissem de escarmento aos ladrões perigosos da região. Dimas e Gestas foram algemados de pés e mãos, e lançados numa horrível prisão pública em Jerusalém, perto do Pretório de Pilatos. Nestas masmorras subterrâneas e infectas, o condenado era amarrado com correntes e preso por argolas às paredes. Da prisão saia o condenado para a flagelação e a crucificação. À exemplo de nosso Senhor, Dimas foi cruelmente flagelado e crucificado. NO CALVÁRIO. Dimas foi flagelado e crucificado como Jesus Cristo. Cravaram-lhe as mãos e os pés na cruz. Não há probabilidade de que tenha sido simplesmente amarrado na cruz. Não era este o modo de crucificar os grandes criminosos. A crucifixão importava na transfixão das mãos e dos pés na cruz. Era horrível tortura. Crucificado ao lado de Jesus, Dimas percebeu logo a mansidão e doçura de Jesus, observou sua paciência e se comoveu. É verdade que o Evangelista fala nos ladrões que blasfemavam, mas, segundo os intérpretes se entende neste plural, um modo de falar para indicar a classe dos ladrões e não que ambos blasfemassem. Tocado pela graça, Dimas se converte miraculosamente. Heróica foi a fé e admirável a confiança daquele ladrão arrependido naquela hora. Via ao seu lado um homem crucificado, blasfemado, insultado, de modo vil pela plebe, e pelos sacerdotes e os inimigos. Entretanto tocado miraculosamente pela graça, reconhece em Jesus crucificado, o Messias e um Deus, o Senhor de um Reino celestial. PRIVILÉGIOS. Entre os santos, São Dimas tem privilégios que outros não tiveram. Segundo Mons. Gaume, baseado nos Santos Padres, Dimas gozará de uma glória que muitos não possuem. PRIMEIRO: São Dimas foi o único Santo que mereceu ser crucificado como e com Jesus Cristo. Que há de mais semelhante a um Crucificado que outro Crucificado? pergunta um Santo Doutor. SEGUNDO: Foi o advogado do Filho de Deus na cruz. Proclama a inocência de Jesus quando os inimigos o acusam e os amigos se calam. TERCEIRO: Único pregador da Divindade de Cristo no Calvário. Se foi preciso muita coragem para confessar a inocência de Jesus maior foi a fé em reconhecer naquele crucificado um Deus, o Senhor de um Reino no céu. QUARTO: Foi o Companheiro das dores de Maria no Calvário. O CULTO DE SÃO DIMAS é dos primeiros séculos. Desde que Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, mandou fazer as escavações no Calvário e descobriu a cruz do Salvador, foi encontrada também a cruz de São Dimas, o ladrão arrependido. Santa Imperatriz deu esta relíquia preciosa aos habitantes da Ilha de Cyprre. Foi lá conservada e venerada durante séculos na capital Nicósis, hoje Lefkosia. Ficou suspensa miraculosamente no ar atrás do Altar Mór. Este prodígio atraiu muitos peregrinos e romarias. Vinham de longe venerar o ladrão arrependido, e deram-se curas e milagres estupendos em toda região pela invocação de São Dimas. Uma parte desta cruz foi levada para Constantinopla e dividida em parcelas por diversas igrejas do Oriente e do Ocidente à medida que se propagava o culto de São Dimas. Na Igreja da Santa Cruz de Jerusalém, em Roma, no altar mór da capela das relíquias se encontra um pedaço importante do braço da cruz de São Dimas. A Catedral São Dimas, em São José dos Campos/SP, é a primeira igreja no Brasil a ter São Dimas como seu padroeiro. Em virtude disso, recebeu a preciosa relíquia de São Dimas: uma partícula do braço da cruz em que foi pregado o Bom Ladrão. Toda festa de São Dimas a relíquia é exposta à veneração dos fiéis. A memória desse santo mártir é celebrada em 25 de março. Mas, dado que nessa data se celebra a Solenidade da Anunciação do Senhor, a igreja omite esta festa de seu calendário litúrgico. Segundo certa tradição da Catedral São Dimas (São José dos Campos/SP), essa festa é deslocada para o 3º domingo do Tempo Pascal. O assessor de liturgia da CNBB, Pe. Gustavo Haas, sugere que o título “Bom Ladrão” atribuído a São Dimas seja substituído pelo título “Ladrão arrependido”. A PROTEÇÃO. São Dimas é o protetor dos pobres agonizantes, sobretudo daqueles cuja conversão na última hora parece mais difícil. Os devotos entregam a São Dimas a proteção das casas e propriedades contra os ladrões. Invocam-no nas causas difíceis, sobretudo nos negócios financeiros. Recomendam ao grande Santo os pecadores em agonia. Invocam a São Dimas para a conversão e emenda dos alcoólatras, dos jogadores e ladrões. São Dimas é protetor dos presos e das penitenciárias. É protetor também dos carroceiros e condutores de veículos. Enfim, grande é o poder de intercessão do Bom Ladrão convertido no Calvário. Peçamos a São Dimas, sempre a maior das graças, a perseverança final, a de não morrermos no pecado, e de nos arrependermos sinceramente antes da morte. ORAÇÃO A SÃO DIMAS: São Dimas, que tiveste a felicidade de ouvir dos lábios de Jesus Crucificado esta palavra de salvação: “hoje estarás comigo no Paraíso”, e que, cheio de uma grande confiança no amor misericordioso de Jesus, ousaste pedir: "Senhor, lembrai-vos de mim quando entrardes em vosso Reino” e alcançaste a misericórdia e o perdão que vos transformou num santo e num mártir. Glorioso São Dimas, a vossa fé viva e a vossa contrição na hora derradeira vos valeram tamanha graça. Também nós pobres pecadores, pelas chagas de Jesus crucificado e pelas dores de vossa Mãe, Maria Santíssima, vos rogamos e esperamos alcançar a divina misericórdia na vida e, sobretudo, na hora de nossa morte. E para que tamanha graça nos seja concedida, imploramos a vossa valiosa proteção. Ó São Dimas, foste o bom Ladrão que, roubando o céu e conquistando o Coração agonizante e misericordioso de Jesus, vos tornaste o modelo da confiança e dos pecadores arrependidos. Valei-nos, glorioso São Dimas, em todas as nossas aflições e necessidade temporais e espirituais! Sobretudo naquela hora derradeira, quando chegar nossa agonia, pedi a Jesus crucificado e morto para nossa salvação, possamos ter o vosso arrependimento e confiança, e também, como vós, ouvir a consoladora promessa: "Hoje estarás comigo no Paraíso". NOVENA: São Dimas, a vossa confiança vos salvou na hora derradeira, e de grande pecador e criminoso que fostes, num instante, a misericórdia de Jesus vos transformou num grande Santo. Lembrai-vos de mim, pobre pecador como vós, e talvez maior do que vós, porque tenho abusado tanto da graça e ofendido a Jesus Crucificado e morto por meu amor! Pelas chagas do Divino Salvador no Calvário, pelas dores e as lágrimas de vossa Mãe, Maria Santíssima, alcançai-me a graça que ardentemente vos suplico; valei-me em minha aflição e em minhas necessidades temporais e espirituais! Assim seja. Pai nosso... Ave Maria... Glória ao Pai... JACULATÓRIA: São Dimas! Pelas chagas de Jesus Crucificado. Na vida e na morte seja eu justificado. Ó glorioso São Dimas, vistes no Calvário Jesus abandonado, desprezado e blasfemado, e naquele vosso Companheiro de patíbulo e de infâmia, reconheceste, num ato heróico de fé e numa confiança ilimitada, o Messias prometido e o Salvador do mundo. Quanto foi grande vossa fé! E eis que a uma súplica vossa de perdão, se abrem os tesouros da misericórdia do Coração agonizante de Jesus, e vos transformam num Santo. Impetrai-vos esta fé viva e ardente, e vinde em socorro de tantos infelizes pecadores incrédulos que blasfemam e desprezam a misericórdia de nosso Deus crucificado. Convertei-os por vossa valiosa intercessão, e, se for da vontade de Deus, alcançai-me a graça que ardentemente vos suplico! (Pede-se a graça) Pai nosso... Ave Maria... Glória ao Pai... JACULATÓRIA: São Dimas! Pelas chagas de Jesus Crucificado. Na vida e na morte seja eu justificado. ORAÇÃO FINAL: Glorioso São Dimas agonizante junto à cruz do Salvador e junto de Maria, Mãe e Refúgio dos pecadores. Fostes a primeira conquista de Jesus e de Maria no Calvário. Fostes o primeiro Santo canonizado pelo próprio Jesus Cristo, quando vos garantiu o reino dos Céus: "hoje estarás comigo no Paraíso". Fostes o Santo primogênito de Maria no Calvário. Eis porque, hoje, prostrados aos vossos pés, a vós recorremos confiando na infinita misericórdia que vos santificou no Calvário, nas chagas de Jesus crucificado, nas dores e nas lágrimas de Maria Santíssima. Em nossa grande aflição, humilhados pelos nossos pecados, mas tudo esperando da vossa valiosa proteção, vos pedimos que intercedais por nós. Valei-nos, alcançai-nos as graças que ardentemente vos suplicamos! (Pede-se a graça)
Desejando incrementar a devoção a São Dimas, pedimos a todos os devotos que o invoquem e, alcançando alguma graça, o favor de comunicar ao Pároco.

Fonte:
Mons. Ascanio Brandão (Catedral São Dimas, São José dos Campos / SP)
www.saodimas.com.br
santacruzesaodimas.blogspot.com

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