CONFISSÕES


CONFISSÕES

No tempo da Quaresma somos convidados a se preparar para celebrar a Páscoa da Ressurreição pela prática do JEJUM e ABSTINÊNCIA, ORAÇÃO, PENITÊNCIA, ESMOLA (=CARIDADE) e outros pios exercícios. Durante esse tempo grande número de fiéis procura os sacerdotes para fazer sua confissão. Uma outra parte ainda resiste à essa prática cristã, esquecendo-se que “Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave, e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial” (Catecismo da Igreja Católica, n° 1446).
Para realizar – como se diz hoje em dia – uma “boa confissão”, é preciso que os fiéis sejam preparados por uma celebração penitencial e pelo ato de examinar sua consciência. Antes de chegar ao sacerdote e lhe contar os pecados na hora da confissão, o penitente deve primeiro reconhecer-se pecador e entender que os seus pecados são uma ofensa a Deus e ruptura com o próximo e a Igreja. Deve arrepender-se pelas faltas que cometeu e ter a firme vontade de não repetir os erros, tendo fé no sacramento da Reconciliação, isto é, em acreditar que, de fato, esse sacramento perdoa os pecados e restabelece a comunhão do penitente com Deus, com sua Igreja e com os irmãos e irmãs. Deve abraçar a penitência (“satisfação”) como meio de santificação, podendo consistir na prática de orações, mortificações e, sobretudo, na ajuda ao próximo e em obras de misericórdia, que põem em evidência o aspecto social do pecado e do perdão.
Contudo, para receber o sacramento da penitência, vale lembrar aqui algumas dicas que não se aconselha o penitente fazer no momento da confissão:
1) Confissão não é o momento de contar ao padre as coisas boas que fez. Isso é exaltar a própria vaidade. Jesus disse: “Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23,12).
2) Não é momento de relatar ao padre o pecado dos outros. Isso já é outro pecado! Quem assim procede cai no campo da maledicência ou fofoca (Col 3,8).
3) Não é hora de desabafar as próprias queixas, descarregando nos ouvidos do confessor um monte de angústias e tristezas (Ef 4,31). Para isso convém marcar um outro horário com o padre, a fim de que todos – inclusive a própria pessoa – sejam atendidos dignamente. Em alguns casos o sacerdote pode recomendar a ajuda de algum profissional indicado.
4) A confissão também não é momento de dizer ao confessor: “Padre, não tenho pecado!”, porque se assim você estaríamos dispensados da confissão (1Jo 1,10).
5) Também não é momento do penitente pedir ao sacerdote confessor que faça uma investigação minuciosa para descobrir os possíveis pecados cometidos pelo penitente. Basta um bom exame de consciência!
A Igreja recebeu de Cristo a missão de perdoar os pecados, quando lhe disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados...” (Jo 20,22-23). Essa missão eclesial é exercida sacramentalmente pelos bispos e padres que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de, em nome de Deus, perdoar os pecados “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, e de acolher o penitente em nome da Igreja e da Trindade para perdoar-lhe os pecados na administração desse sacramento.
Aproveitemos esse tempo das cinco semanas da Quaresma para nos preparar para a Páscoa, também pela Confissão, mas não somente nesses dias de grande afluxo de fiéis para receber o Sacramento. Eu acredito que seria bom que os fiéis mais atuantes procurassem nossos sacerdotes para fazer sua confissão durante o ano todo, embora a Igreja ensine que os pecados graves devem ser confessados ao menos uma vez por ano, e sempre antes de receber a comunhão. Contudo, lembre-se o que nos ensina nossa Mãe Igreja: na 6ª feira santa da Paixão do Senhor e no Sábado Santo antes da Vigília Pascal, “conforme antiquíssima tradição da Igreja, não se celebram os Sacramentos” (cf. Missal Romano), inclusive o atendimento de confissões, batizados, missas e casamentos.

Pe. Kleber F. Danelon
kleberdanelon@terra.com.br

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